Ambulâncias do Samu atendem sem médicos por falta de profissionais em Palmas, denunciam servidores
08/11/2025
(Foto: Reprodução) Profissionais denunciam falta de médicos no Samu de Palmas
Servidores que trabalham no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Palmas denunciam que não há médicos suficientes para atender os plantões. Por causa disso, segundo a denúncia, ambulâncias teriam feito atendimentos sem o profissional. A situação vem atrapalhando os atendimentos às ocorrências, principalmente de acidentes.
"Tiveram acidentes graves em Palmas e na região aqui próxima que necessitavam da presença de médicos, inclusive algumas vezes nas duas ambulâncias UTI que o Samu de Palmas dispõe. Só que em algumas ocasiões só tinha um médico no plantão e a outra ambulância fazia apenas condutas sem o médico", relatou um enfermeiro do serviço, que preferiu não se identificar.
Em nota, a Prefeitura de Palmas informou que apesar da dificuldade em fechar as escalas de médicos, o atendimento segue regular e sem prejuízos e que está em andamento o processo para contratar novos médicos dentro do perfil técnico exigido (veja nota completa abaixo).
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Um médico que também não quis revelar a identidade comentou que a falta de profissionais está comprometendo o atendimento à população. Nos últimos meses, segundo ele, as ambulâncias circularam sem socorristas durante os turnos de trabalho.
"Todos os dias no plantão no Samu são necessários três médicos, porque é um médico regulador, que atende as ligações no telefone e dois médicos para tripular as ambulâncias, porque são duas ambulâncias de suporte avançado. E o que está acontecendo atualmente é que tem dias em que está ficando somente o médico do telefone e as ambulâncias da rua sem médico. Às vezes está acontecendo de ficar somente uma ambulância com médico e outra andando sem médico", afirmou.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) do Tocantins recebeu as denúncias e realizou visitas ao Samu. Foi constatado que, só em outubro, 25 plantões tiveram falta de médicos. Mesmo com as fiscalizações, segundo o CRM, a crise no Samu persistiu.
"O Conselho vem sendo notificado, recebendo denúncias de colegas, e nos últimos 12 meses os contratos médicos vêm vencendo e não estão sendo renovados. Essa situação se agravou com a falta crítica de médicos no último mês, e daí esse movimento nosso. Em outubro estivemos lá três vezes para tentar entender e cobrar efetivamente isso da prefeitura. E a coisa ainda não foi completamente solucionada", afirmou o presidente do CRM, Eduardo Gomes.
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Samu de Palmas
Reprodução/TV Anhanguera
A TV Anhanguera teve acesso à escala de plantões. No mês de setembro, um aviso já alertava para a falta de médicos. O diretor técnico do Samu informou: "dificuldade no fechamento da escala prévia, por falta de profissional". A partir do mês passado, o aviso deixou de aparecer na planilha.
Para evitar a paralisação do serviço, profissionais tiveram que fazer horas extras. Prática que, segundo o CRM, põe em risco a saúde e a segurança dos profissionais e dos pacientes.
"Se tratando de serviço de urgência e emergência, com atividade noturna, atividade de campo, na rua, são serviços que demandam muito fisicamente do colega. E a gente entende que esse tipo de abordagem sobrecarrega, pode levar à exaustão e até favorecer erros médicos", completou Eduardo Gomes.
Integra da nota da Prefeitura
A Prefeitura de Palmas, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (Semus), reforça que, apesar dos desafios momentâneos na composição das escalas, o atendimento à população segue regular e sem prejuízos, com acompanhamento permanente e reorganização interna das equipes para garantir a manutenção da resposta rápida às ocorrências.
A Semus informa que está em andamento o processo administrativo para a contratação de novos médicos para o serviço de atendimento móvel de urgência (Samu) e esclarece que a atuação no Samu exige um perfil técnico rigoroso previsto em legislação específica, com capacitações específicas e experiência comprovada em atendimento pré-hospitalar de urgência e emergência, visando à total segurança e qualidade da assistência.
O processo segue as etapas legais e administrativas exigidas pela legislação vigente, que incluem análises técnicas e jurídicas detalhadas antes da efetiva implementação das contratações, assegurando transparência e conformidade com as normas públicas.
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