Brasil inaugura a maior biofábrica do mundo de mosquitos para o combate à dengue e outras doenças
19/07/2025
(Foto: Reprodução) O Brasil inaugurou neste sábado (19), em Curitiba, a maior fábrica de mosquitos, mosquitos mesmo, do mundo. A nova tecnologia vai ajudar a combater dengue, zika e chikungunya.
Centenas de larvas de Aedes Aegypti se movem no recipiente, e em uma máquina, escorrem por lâminas de vidro. O processo separa as fêmeas, maiores, dos machos, de menor tamanho. Estas larvas não vieram de um quintal malcuidado, elas foram produzidas em uma fábrica, em Curitiba.
Brasil inaugura maior fábrica de mosquitos do mundo, em Curitiba
Os mosquitos que nascem e crescem sob a vigilância de profissionais de diversas áreas, têm uma diferença. eles possuem a bactéria “wolbachia”. Ela não faz mal aos seres humanos, e quando presente nos Aedes Aegypti, impede a replicação de doenças que desafiam a saúde pública, como dengue, zika e chikungunya.
“Fazendo a liberação desses mosquitos em campo, eles vão substituir a população de mosquitos ali existentes que transmitiam as doenças por esses mosquitos que não vão transmitir”, explica o diretor-presidente da Wolbito do Brasil, Luciano Moreira, responsável por trazer o método para o Brasil.
A fábrica deve produzir 100 milhões de ovos por semana. Em um ano, serão mais de 5 bilhões de ovos. O Ministério Da Saúde é quem define em quais cidades os mosquitos serão distribuídos. Um dos critérios é a incidência de casos das doenças.
Seis cidades vão receber a primeira leva de mosquitos a partir de agosto: Brasília (DF), Valparaiso de Goiás (GO), Luziania (GO), Joinville (SC), Balneário Camboriú (SC) e Blumenau (SC).
Brasil inaugura a maior biofábrica do mundo de mosquitos para o combate à dengue e outras doenças
Reprodução Jornal Nacional
“Os agentes de saúde, eles vão duas pessoas por carro, por veículo, um dirigindo e o outro pegando esses potes e soltando, liberando esses mosquitos pela janela do carro, andando na velocidade bastante baixa ali para liberar os mosquitos”, narrou Moreira.
“Nosso foco serão as cidades prioritárias, com maior risco de transmissão de dengue em 18 estados do nosso país com o objetivo de protegermos 140 milhões de brasileiros com a distribuição desta tecnologia”.
Os pesquisadores dizem que a tecnologia é segura, não usa produtos químicos nem altera geneticamente os mosquitos. A eficácia já foi comprovada em diversos países.
No Brasil, cidades como Niterói, onde o método foi implantado há dez anos sob a coordenação da Fiocruz, houve redução de até 70% nos casos de dengue, e impactos positivos em zika e chikungunya.
A iniciativa, aprovada pela Anvisa, é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas os próprios cientistas fazem questão de reforçar que os mosquitos com a “wolbachia” não podem ser encarados como tábua de salvação. A ciência precisa da parceria de cada brasileiro.
“A população tem que fazer sua parte, cada um tem que cuidar do seu quintal. Então, tirar aquele tempo, 5 minutinhos por semana, para observar se não tem nenhuma larva em casa, para a gente realmente acabar com esses focos. Isso não muda”, explica Antônio Brandão, gerente de produção.