Em meio a movimentações dos EUA, Lula defende Venezuela e diz que presidente de fora não vai interferir
Ariel Palacios analise operações da CIA na Venezuela
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a Venezuela nesta quinta-feira (16) em meio à escalada de ações do governo Donald Trump em relação ao país sul-americano.
Lula disse que nenhum presidente de outro país vai interferir na Venezuela — ele não citou diretamente o presidente Donald Trump.
"Todo mundo diz que a gente vai transformar o Brasil na Venezuela, e o Brasil nunca vai ser a Venezuela, e a Venezuela nunca vai ser o Brasil, cada um será ele [próprio]. O que nós defendemos é que o povo venezuelano é dono do seu destino, e não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite de como vai ser a Venezuela ou vai ser Cuba", afirmou Lula durante congresso do Partido Comunista do Brasil (PC do B).
O presidente também saiu em defesa de Cuba, alvo recorrente de críticas do governo norte-americano.
“Cuba não é um país de exportação de terroristas. Cuba é um exemplo de país de dignidade”, declarou.
As falas de Lula ocorreram horas após a confirmação da saída do almirante Alvin Holsey, chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, responsável pelas operações militares do país na América Latina. Holsey decidiu se aposentar em meio à escalada de tensões sobre a Venezuela, segundo o secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth.
De acordo com o New York Times, a saída do almirante está ligada a divergências internas sobre a condução das ações militares norte-americanas no Caribe. Holsey teria expressado preocupação com os bombardeios conduzidos pelos EUA contra barcos que supostamente transportavam drogas na região — ataques que, segundo entidades internacionais, violam o direito internacional por configurarem “execuções extrajudiciais ilegais”.
Tensões e operações militares
Desde setembro, os Estados Unidos já atacaram ao menos cinco embarcações em águas internacionais próximas à costa da Venezuela. Ao todo, 27 pessoas morreram.
O governo norte-americano afirma que as ações fazem parte de uma operação antidrogas, mas fontes do Departamento de Defesa disseram à imprensa americana que o objetivo final seria enfraquecer o regime de Nicolás Maduro.
Após Trump autorizar operações da CIA na Venezuela, Maduro diz, em inglês, que não quer guerra com os EUA
Atualmente, oito navios de guerra e um submarino nuclear dos EUA operam em uma área próxima à costa venezuelana. Além disso, a Casa Branca enviou caças para Porto Rico, território norte-americano também localizado no Caribe.
Na quarta-feira (15), o presidente Donald Trump afirmou ter autorizado operações secretas da CIA em território venezuelano e disse estudar ataques terrestres contra “cartéis de drogas” do país. O New York Times informou que essas operações podem incluir “ações letais” com alvos no governo Maduro.
Trump declarou ainda que “cada barco detonado pelos militares salva 25 mil vidas de americanos”, mas não apresentou evidências para sustentar a afirmação.
Críticas internacionais e reação venezuelana
As ações militares têm sido criticadas por organizações internacionais como a Human Rights Watch, que afirmou que os bombardeios “violam o direito internacional e configuram execuções ilegais”.
A Venezuela anunciou que vai denunciar os Estados Unidos na ONU, após Trump confirmar publicamente a atuação da CIA no país.
Lula, por sua vez, reforçou a posição do governo brasileiro em defesa da soberania e da autodeterminação dos povos latino-americanos.
“O Brasil não aceita que um país interfira no outro. A América do Sul precisa resolver seus próprios problemas, com diálogo e respeito”, afirmou o presidente.FONTE: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/10/16/em-meio-a-movimentacoes-dos-eua-lula-defende-venezuela-e-diz-que-presidente-de-fora-nao-vai-interferir.ghtml