PF faz operação contra fraudes em concursos públicos; criminosos contaram com ajuda médica para instalar ponto eletrônico no ouvido
02/10/2025
(Foto: Reprodução) PF faz operação contra organização criminosa que fraudava concursos públicos
A Polícia Federal fez nesta quinta-feira (2) uma operação contra uma organização criminosa que fraudava concursos públicos. Três pessoas aprovadas em concursos foram afastadas dos cargos.
A operação, batizada de “Última Fase”, cumpriu 12 mandados de busca e apreensão nos estados de Pernambuco, Paraíba e Alagoas, e prendeu três pessoas, suspeitas de liderar a organização criminosa. A PF afirma que o grupo fraudou concursos do Banco do Brasil, Caixa Econômica, Universidade Federal da Paraíba e polícias civis de Pernambuco e Alagoas, além do Concurso Nacional Unificado - o “Enem dos concursos” — de 2024.
Segundo a Polícia Federal, a quadrilha chegou a usar, em algumas provas, um ponto eletrônico instalado no ouvido com ajuda médica. Além disso, o grupo falsificava documentos para que outras pessoas fizessem o concurso no lugar dos candidatos fraudadores.
Os investigadores também descobriram que a organização criminosa teve acesso às respostas do Concurso Nacional Unificado de 2024. O relatório da PF descreve que quatro pessoas que foram alvo da operação nesta quinta-feira (2) fizeram o concurso para o cargo de auditor fiscal e deram respostas idênticas em 68 questões, mesmo em cadernos de provas diferentes. Segundo os investigadores, esse padrão de resposta levantou a suspeita.
"A probabilidade de que tal padrão ocorra por acaso equivale à chance de ganhar o prêmio máximo da Mega-Sena aproximadamente 18 a 19 vezes consecutivas. O padrão verificado, especialmente a coincidência em respostas erradas e a replicação entre candidatos com versões distintas de prova, é incompatível com aleatoriedade, constituindo forte indicativo de repasse coordenado de respostas durante o certame".
PF faz operação contra fraudes em concursos públicos
Jornal Nacional/ Reprodução
Segundo a PF, um desses suspeitos, às 7h52 do dia dia do Concurso Unificado, já tinha todas as respostas da prova e estava com a redação pronta.
Na decisão que autorizou a operação, o juiz Manuel Maia de Vasconcelos Neto, da Justiça Federal da Paraíba, afirmou que:
“A organização contou com a participação de outras pessoas, ainda não identificadas, para fazer a prova, cada uma com uma matéria específica, situação que garante a aprovação do contratante. O custo estimado pela autoridade policial para o contratante é de R$ 300 mil”.
O Ministério da Gestão afirmou que as provas do CNU, o Enem dos concursos, marcadas para domingo (5) estão confirmadas e que ampliou os mecanismos de segurança:
identificando as provas página a página com códigos de barra específicos para cada candidato;
e com detectores de metal em todas as salas e nos banheiros dos locais de prova.
“Todo mundo pode ir lá fazer a sua prova com tranquilidade e ter certeza de que quem fizer de forma correta e passar, vai poder entrar no serviço público federal", diz Esther Dweck, ministra da Gestão.
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