Servidora expõe rachadinha e reclama de 'desconto' maior no salário; presidente de Câmara é investigado
19/11/2025
(Foto: Reprodução) Eduardo Lara foi denunciado por esquema de rachadinha pelo MP
Redes sociais e Reprodução
Uma servidora comissionada da Câmara de Iguape (SP) relatou a uma amiga que o presidente da Casa, Eduardo de Lara (Republicanos), desviava R$ 500 a mais do salário dela em relação ao de uma colega também funcionária pública. O parlamentar é investigado pelo Ministério Público (MP) sob suspeita de se apropriar de R$ 202 mil em vencimentos, em um suposto esquema de rachadinha.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou, na última semana, o afastamento do vereador investigado por peculato (crime contra a administração pública). Desde outubro de 2024, ele é alvo de apurações por supostamente se beneficiar de vantagens indevidas envolvendo dez servidores.
Segundo a denúncia, o parlamentar exigia parte dos salários dos comissionados, em valores entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil, como condição para mantê-los nos cargos. O esquema, conhecido como rachadinha, teria funcionado entre 2021 e junho de 2025.
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O MP anexou conversas entre o vereador e servidores comissionados que reforçam a suspeita de rachadinha. Nas mensagens, Eduardo definia quanto cada funcionário deveria devolver do salário e organizava um sistema mensal de recolhimento por meio de intermediários.
O g1 teve acesso a mensagens trocadas em 2022 em que uma servidora reclama a uma amiga que o valor exigido de seu salário era maior do que o de outra colega. Nas conversas, ela afirma repassar R$ 2 mil, enquanto a funcionária pública entregava R$ 1,5 mil.
📱 Confira o trecho da mensagem:
👩🏻Servidora: E [nome censurado] ontem jogando na minha cara que Eduardo [presidente] tira dela só R$ 1,5 mil e de mim tira R$ 2 mil.
👩🏻🦱Amiga: Mentira, [nome censurado]
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Pedidos
A Justiça de Iguape determinou em 4 de novembro o afastamento do vereador em primeira instância, impondo medidas cautelares como a proibição de acessar a Câmara, de manter contato com servidores e o pagamento de fiança de R$ 82 mil — valor que funciona como garantia para que ele cumpra as regras durante a investigação.
Na denúncia, o MP também pediu a condenação do vereador por danos morais coletivos, com indenização de R$ 300 mil.
Vereador Eduardo Lara (Republicanos) teve o afastamento decretado pela Justiça
Câmara de Iguape
A defesa recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) com um pedido de habeas corpus, alegando que a decisão representava constrangimento ilegal e que a investigação se baseava apenas em denúncia anônima, sem provas ou diligências prévias.
Na última quinta-feira (13), o desembargador Geraldo Wohlers negou a liminar. Para o relator, a decisão da juíza estava bem fundamentada, com indícios suficientes de materialidade e autoria, além de risco de interferência do vereador na investigação.
O g1 solicitou informações à Câmara Municipal de Iguape, mas não obteve resposta. A defesa de Eduardo de Lara também foi procurada.
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