CPI em SP aprova quebra sigilo de empresário que ensinava investidores a lucrarem com imóveis destinados à baixa renda

  • 05/11/2025
(Foto: Reprodução)
Empresário que ensinava a burlar regras de imóveis HIS tem sigilo quebrado por CPI em SP A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga na Câmara Municipal de São Paulo as fraudes das construtoras na cidade na venda de habitações de interesse social (HIS) aprovou na terça-feira (4) a quebra de sigilo do empresário Gustavo Nery, CEO da imobiliária Midrah Investimentos. Nery foi chamado a depor na CPI por ter sido flagrado em vários vídeos divulgados na internet ensinando investidores e clientes da sua empresa a burlarem as regras dos imóveis destinados à população de baixa renda na capital paulista para obterem lucro. No depoimento, o empresário se recusou a responder às perguntas dos vereadores, que exibiram vídeos dele aconselhando investidores a burlarem as regras dos imóveis HIS. O g1 tenta contato com a defesa dela, mas ainda não obteve resposta. Apartamentos destinados à baixa renda Em um dos vídeos, ele exibiu uma planilha com pelo menos 14 imóveis de sua propriedade, a maioria deles eram apartamentos destinados exclusivamente às pessoas de baixa renda. “Eu não vou pagar 30% mais caro em uma unidade só por causa de um nome no contrato da unidade. Esse risco eu topo correr. Por 30% de prêmio, eu topo correr”, afirma Nery em um dos vídeos exibidos na CPI (veja acima). Em outros vídeos, ele se vangloria de ter comprado apartamentos de interesse social mais baratos no mercado para poder lucrar mais com os aluguéis de curta temporada desses imóveis, que são proibidos de serem locados na modalidade "Airbnb", de acordo com as regras impostas pela Prefeitura de São Paulo. Essa regra foi decretada em maio pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), depois que foi descoberto o esquema de fraudes das construtoras. Essas empresas recebiam isenção fiscal nas construções dos prédios, com a obrigação de destinarem as moradias prontas às pessoas que ganham de três a dez salários-mínimos. Mas as construtoras destinavam esses imóveis a investidores que estavam fora dessa faixa de renda, incentivando, inclusive, que esses investidores fizessem aluguéis de curta duração nesses apartamentos. O empresário Gustavo Nery, CEO da imobiliária Midrah, prestou depoimento nesta terça-feira (5) na CPI dos HIS na Câmara Municipal de São Paulo e se negou a responder às perguntas dos vereadores. Juliana Hipólito/Rede Câmara O próprio Gustavo Nery afirmou num dos vídeos que pagou R$ 270 mil em um imóvel HIS no empreendimento "Living Full Faria Lima", em Pinheiros – das construtoras Cyrela e Living. Fora da faixa de isenção, o preço do apartamento era de R$ 410 mil no mesmo prédio. Comprar R2V [apartamento padrão] é ruim em SP? Na minha estratégia, é. A não ser que seja no mesmo preço do HIS, que seja competitivo. Eu não vou pagar 30% mais caro em uma unidade só por causa de um nome no contrato da unidade [HIS]. Esse risco eu topo correr. Por 30% de prêmio, eu topo correr. Questionado sobre os vídeos durante a sessão da comissão, Gustavo Nery repetiu várias: “Vou exercer o meu direito de permanecer em silêncio”, o que é permitido pela lei. Segundo o vereador Nabil Bonduki, vice-presidente da CPI, a Midrah Investimentos atua como intermediária para quem deseja comprar ou alugar apartamentos classificados como Habitação de Interesse Social (HIS) e Habitação de Mercado Popular (HMP). De acordo com a CPI, o próprio Nery é proprietário de diversas unidades, que lhe rendem cerca de R$ 64 mil por mês em aluguéis de curta temporada. O vereador Nabil Bonduki (PT), vice-presidente da CPI dos HIS na Câmara Municipal, questiona empresário durante depoimento Juliana Hipólito/Rede Câmara “Embora tenha se negado a prestar esclarecimentos, ficou evidente que há irregularidades na atuação da empresa [dele]. Sua postura durante a CPI foi vergonhosa e gerou revolta entre todos os parlamentares. Por isso, solicitamos a quebra de seu sigilo fiscal e bancário, medida necessária para dar transparência e continuidade às investigações”, declarou o petista. Ele acrescentou ainda que “empresas que recebem benefícios fiscais para construir habitações de interesse social devem cumprir seu compromisso de oferecer moradias a quem mais precisa, e não especular com fraudes no mercado imobiliário em uma cidade que ainda sofre com um grande déficit habitacional”. CPI poupa grandes construtoras Vereadores membros da CPI dos HISs na Câmara Municipal, em sessão do dia 21 de outubro. Douglas Ferreira/Rede Câmara Apesar de ter entrado no segundo mês de trabalho, a CPI dos imóveis HIS ouviu apenas um representante das grandes construtoras envolvidas nas fraudes que são objeto de investigação da comissão, a You Inc, representada pelo empresário Abrão Muszkat, presidente da empresa. Antes de Muszkat, o único grande empresário do setor que tinha sido arrolado pela comissão foi Alexandre Frankel, presidente do conselho da Vitacon, empresa investigada pela Prefeitura de SP pelas fraudes. Alexandre Frankel chegou a comparecer à Câmara Municipal no dia 21 de outubro para participar da CPI, mas foi embora sem prestar depoimento e alegando que tinha outros compromissos. A saída dele foi aprovada por todos os membros da comissão, que não definiram data para retorno. Alexandre Frankel, presidente do conselho da Vitacon, compareceu à CPI em 21 de outubro, mas foi embora sem prestar depoimento. Douglas Ferreira/Rede Câmara A tentativa de remarcar o depoimento, entretanto, gerou bate-boca entre os vereadores Isac Félix (PL), Silvia Ferraro (PSOL) e Rubinho Nunes (União Brasil). Uma nova tentativa de ouvi-lo foi marcada para a sessão desta quinta-feira (6), mas o empresário ainda não confirmou se vai ou não na oitiva marcada pelos vereadores, segundo apurou o g1. A Vitacon é apontada como uma das principais construtoras suspeitas de cometer fraudes na venda de apartamentos de interesse social na capital paulista. Ao menos três empreendimentos da empresa são alvo de investigação da Prefeitura de SP. No início de outubro, a comissão aprovou requerimentos para ouvir 17 representantes de pequenas construtoras. O g1 procurou a assessoria da Vitacon, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem. Veja também: Veja os vídeos que estão em alta no g1

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/11/05/cpi-em-sp-aprova-quebra-sigilo-de-empresario-que-ensinava-investidores-a-lucrarem-com-imoveis-destinados-a-baixa-renda.ghtml


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